quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quando é legal ser ilegal



Algumas pessoas pensam que em suas posições profissionais alcançaram uma espécie de nível celestial revestido de impunidade. São tendenciosas a respeito da justiça que cerca todo brasileiro, e parecem já prever os acontecimentos agindo por premeditação. E nós, cidadãos comuns em sociedade citada para o mundo todo como livre, somos vítimas em potencial dessa pequena casta de pseudo-Deuses.


Eles estão em todo o lugar: no topo de grandes empresas, de emissoras de tevê, no serviço público em todas as suas esferas de atuação, enfim. São piores que as pragas urbanas que inseticida nenhum consegue resolver. Depois de um conceito mais abrangente sobre o que eu gostaria de falar, quero reduzir hoje, e apenas hoje, minhas criticas a um grupo em especial: a polícia.

Jamais generalizarei. Ainda acredito (ou talvez apenas esteja cego em querer acreditar) que os policiais em sua grande maioria, ainda optam por serem conscientes, pensando no próximo, na pátria e buscando tudo isso baseado no bom-senso. Mas infelizmente, uma maçã podre pode comprometer todo o pomar. Em suma, deve-se a polícia, a tarefa da observância, do resguardo e do zelo da população de sua cidade/estado/país, e quando isso deixa de ser primordial, o tédio toma conta do dia-a-dia de trabalho, e cabeça vazia é oficina do diabo.

Vi inúmeras vezes na televisão casos de abuso policial. Sem justificativa, sem razão, apenas por mera diversão. Eram flagras aonde os policiais polidos que ajudam as senhoras de idade a atravessarem a rua, tornam-se criminosos inescrupulosos com maldade igual ou maior do que as pessoas que costumam dar passeios em camburões de viaturas. Mas uma coisa inédita para mim, é ver um funcionário público tripudiar em cima do estado, conseguindo em menos de uma hora, violar todas as regras de regimento-interno trabalhista concomitantemente a algumas leis do código penal.

E isso aconteceu aqui. No meu estado, na minha cidade. Policial civil bêbado, em horário de trabalho, deixando duas menores de idade em casa – provavelmente tendo relações sexuais com elas, afinal de contas, não conheço nenhum policial tão altruísta a ponto de dar carona para menores, de madrugada, na viatura da polícia e em horário de trabalho –, tentando atropelar um civil, e depois disparando 5 (cinco) tiros a esmo contra 5 civis sem prerrogativa alguma. E é óbvio que a corda sempre arrebenta para o mais fraco: um amigo meu, foi atingido no rosto, esteve a 0,8mm da morte, com risco de ficar paraplégico ou cego.

Para o policial, foi apenas uma noite de imprudência seguido de impunidade. Para nós amigos, e para a família, uma eternidade de angustia e de sentimento de culpa para os que presenciaram a cena. A desculpa dele? Levou uma coronhada sem motivos (se auto-flagelou para ter o que falar), apanhou, e apenas se defendeu. Um álibi muito fraco pra quem está acostumado a prender bandidos que proferem desculpas até melhores do que essa. E sinceramente, ainda não vejo legítima defesa aonde uma arma dispara cinco tiros seguidos, de longa distância (sem ninguém por perto).

Infelizmente para nós, o mais provável é que a justiça concederá privilégios caso seja condenado. Prisão especial para policiais civils, militares e dependentes. Isso, no maior dos otimismos. Hoje conseguimos compreender o que as famílias de vitimas desse tipo de violência gratuita queriam expressar ao ir à tevê e ter coragem de denunciar, mostrar a cara, erguer-se e dar um basta nessa aceitação. Ainda confio no tal “sistema” que serve como alvo de criticas da maioria, mas já guardo o sentimento de vergonha de antemão se mais um criminoso revestido de legalidades e mordomias sair “ileso” dessa.

Vinicius Canova Pires

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Discovery Channel


Uma coisa tem despertado muito o meu interesse ultimamente: Nós, os humanos. Criaturas curiosas sobre os assuntos que regem outras formas de seres viventes. É curioso observar o andar daquele macaco matuto, que sabe o que quer, e tem consciência de esperar a hora certa para obter sua pretensão. Não parece um espécime raro que conhecemos? A forma traiçoeira do crocodilo de atrair suas vítimas fingindo estar dormindo também é algo muito familiar.

Aí eu me pergunto: - Será que nós procuramos conhecer a fauna e a flora por simples curiosidade, ou porque conseguimos aprimorar o que temos de melhor/pior observando essas magníficas criaturas? Complicado! Ainda sobre os crocodilos, dando ênfase as suas lagrimas que saem enquanto devoram suas presas: Não é exatamente o que acontece quando derrubamos os nossos algozes e tentamos esconder a atmosfera que insiste em assolar o ambiente?

Mas não tem problema. Estamos absolvidos. Afinal de contas, nós somos todos animais não é mesmo? Errr (sonoplastia do botão de errado em Talk Shows) Puxa vida! Acho que me enganei, nós temos consciência e inteligência. Raciocinamos o custo-benefício, os meios, os fins e as conseqüências. Portanto, 1 x 0 para nós. Mas não se alegre, isso não é nada bom. Excedemos o uso da maquiagem permitida para a própria sobrevivência. Talvez seja por isso que seja ainda, muito mais interessante observar símios e répteis em seus habitat naturais, do que enxergar o que realmente somos e despejamos.

Culpado! Culpado! Culpado! É isso mesmo. Afinal de contas, King Kong, o rei dos macacos não os culpará por serem um pouco astutos para poderem se alimentar. E nem Alligator – o Buda dos crocodilos –, eclodirá diante de seus fiéis lagartos-gigantes-espinhosos para empregá-los o suplício eterno por chorarem enquanto comem. É tudo uma questão de sobrevivência e instinto. Agora vem a parte ruim: Estamos condenados! Então sugiro que comecem a aproveitar a vida esbanjando os seus rituais íntimos e viciosos que é o que afinal de contas, fazem com que um ser humano possa viver.

Os dez mandamentos, os sete pecados capitais, são todas premissas que enviariam cada um de nós para as labaredas ardentes de Lúcifer antes mesmo de nascer. Então, o seu Deus, misericordioso, o Deus do amor, do perdão, do sacrifício seguido de absorção dos seus pecados, não terá tanta compaixão.

Seria ótimo, se cada um de nós começasse a mostrar o que realmente é e o que quer ser. As únicas regras que existem são as condutas sociais e as leis (que existem para que um indivíduo não invada o espaço de outrem). De resto, lembrem-se: Apesar de sermos animais racionais, também temos instintos, também sofremos de vontades que às vezes nem sempre sabemos o porquê. Então viva e apenas viva, para que possamos contemplar o ser humano como realmente é, senão, terei que trocar de canal.

Vinicius Canova Pires


quarta-feira, 13 de maio de 2009

Resenhando: Supernatural



Supernatural é uma série que aparentemente teria uma séria tendência ao fracasso como Buffy the Vampire Slayer (Buffy - A caçadora de vampiros) e seu spin-off, Angel que abordam o mesmo assunto. Alguns discordariam do meu primeiro comentário, afinal de contas, estas séries continuam sendo televisionadas e suas produções duraram em torno de seis e cinco anos respectivamente. Mesmo assim, opinião minha; lixo adolescente.


O seriado trata o enredo dos irmãos Winchester que receberam a tarefa herdada de seu pai, de combater o mundo sobrenatural. Vasculham os Estados Unidos da América por terra dirigindo um Chevy Impala preto de 1967 a procura de: Vampiros, espíritos, lendas urbanas, zumbis, bruxas, enfim. Todo e qualquer tipo de mal extra-material que possa estar coexistindo com os seres humanos.

Eu sei, eu sei. Chato, repetitivo e deprimente. É o que parece, e também foi o que pensei antes de acompanhar as quatro temporadas lançadas até agora. Mas Supernatural além de tratar contos, histórias, estórias, parábolas, contos de fadas e qualquer outra ladainha que envolva o desconhecido, faz questão de apresentá-los e descrevê-los da mesma forma em que seus criadores/autores os conceberam.

O zelo ao retratar minuciosamente cada criatura e cada cena que se passa na série, também é algo de impressionar. Também em sua quarta temporada levanta questionamentos que divergem com o senso-comum que se apega em torno de Deus. Os anjos, por exemplo: São retratados como criaturas poderosas, mas que também vacilam em seus momentos de incertezas e dúvidas, expondo uma sensível derrocada em seus graus de credulidade. Também demonstram que nem mesmo eles, em um patamar elevado de existência conseguem dialogar diretamente com Deus. Respeitando uma hierarquia que passa também por outros anjos e arcanjos.

Diferentemente das séries que costumam tratar do mesmo tema, os Winchester demonstram paralelamente a sua coragem e astúcia para lidar com o que nem mesmo eles conhecem, uma fragilidade imensa no decorrer da trama. Fechando o cerco e tornando o ar de suspense, intrigas e dúvidas cada vez mais denso.

Assim como Dexter, aconselho a qualquer um que disponha de tempo e um pouco de curiosidade que já lhe dê ânimo para assistir. Os links para o download de todas as temporadas estão aqui:

1ª TEMPORADA
2ª TEMPORADA
3ª TEMPORADA
4ª TEMPORADA

Vinicius Canova Pires

Calcanhar de Aquiles


Confiança apesar de ser uma palavra de fácil pronuncia, é também um termo de difícil execução. Algumas pessoas tomam todo o cuidado na hora de se aproximar de outrem, e outras sequer estabelecem critérios. No meu caso é simples: Faço questão de colocar todas as peças do xadrez em seu devido lugar. Não costumo brincar de amiguinho pra manter portas abertas. Ou é, ou não é.

Os poucos que faço questão de manter por perto, seja por amizade, seja por simples admiração, são analisados em todos os aspectos possíveis. Principalmente: Caráter, personalidade, moral, cumprimento na penhora da palavra, enfim, todas as qualidades internas que tanto me importam sendo que quaisquer outras não me vem ao caso estudar.

Não sou juiz, nem superior, nem melhor, e pode até ser que talvez eu seja pior do que os outros. Mas sei usar bem a única coisa que tenho de valor: minha vida. E nela não faço questão que entrem o lixo, a rele poluída e os parasitas monetários. Pra esse tipo de gente existe o aterro, que por sinal fica bem LONGE da minha casa, ou em Porto Alegre, especificamente um estádio de futebol denominado: José Pinheiro Borda, mais conhecido como Beira-Rio.

Mas eu sou um ser humano, passível de erros, e em quase todas as empreitadas fadado à derrota. Aquilo que talvez seja a minha principal arma pra viver e prosperar, também se torna o meu calcanhar de Aquiles. Porque as pessoas nunca vêm até você na forma em que realmente são. Enxerga-se inteligência nos burros, burrice nos inteligentes, avareza nos humildes e humildade nos avarentos. Portanto é difícil diagnosticar quem é quem.

Errar na hora da definição, da minha própria seleção natural, é mortal! E já aconteceu e continua acontecendo. O pós-reconhecimento é quando eu entrego toda minha confiança, e tudo que posso prover enquanto amigo. E é aí que a coisa fica preta...

Mas é claro que isso é um problema quase que estritamente meu. Nem todo mundo precisa de uma pesquisa genealógica pra aglomerar pessoas. Elas simplesmente o fazem, e são felizes com isso. Nada contra, deixo bem claro. Mas comigo não funciona. Talvez Sócrates e seu método maiêutico tenham bastante influência nisso. Fui a fundo ao que sou,partindo do nosce te ipsum e nada, absolutamente nada no mundo, me deixa mais satisfeito do que ser assim. Rabugento, chato, imbecil e infeliz, claro.

E acho que ser desse jeito, já me torna um cara muito feliz. Quanto paradoxo, não? Só acho uma pena, e altamente constrangedor (não perante os outros, e sim, a mim mesmo) que o meu calcanhar de Aquiles ainda seja uma constante em minha vida, que não posso evitar tampouco amenizar os danos.

Vinicius Canova Pires

Resenhando: Dexter

Sobre o protagonista da série, não posso dizer nada que complete mais o que já está exposto na wikipédia brasileira. Em minhas palavras: Dexter Morgan é interpretado pelo ator americano Michael Carlisle Hall, cuja aparência de traços sérios e rígidos completados com uma excelente performance dá total consistência à excentricidade do personagem. Dexter é um serial-killer (assassino em série), que promove justiça com as próprias mãos e caça os criminosos que o “sistema” provém liberdade.

Além das atividades extracurriculares, Morgan trabalha como analista forense sendo mais especificamente um perito em análise de dispersão de sangue, no departamento da polícia de Miami. O que torna a série algo longe dos costumeiros enlatados americanos, é que o enredo não trata somente das perseguições de Dexter. No decorrer das cenas, aparecem vários flashbacks do passado de Morgan, que explanam as atitudes do personagem no contemporâneo.

Desde criança, Dexter tinha o ímpeto de matar. A raiva, o ódio, e a própria admiração pela morte, fez com que essa vontade só crescesse em seu interior, forçando seu pai adotivo, Harry, a ter que ensina-lo a direcionar sua vontade e instinto. Posteriormente essas premissas seriam chamadas pelo próprio Dexter de: Código de Harry. A partir destas regras, Dexter leva a sua vida em cotidiano comum, aonde a própria abertura retrata sua normalidade aparente: Acordar, tomar banho, fazer o café, comer, trabalhar e voltar pra casa.

Algo também que é interessante ressaltar são os constantes questionamentos que o personagem faz a si mesmo em decorrência das dúvidas sobre sua origem. No início da série mostra-se como um profissional, que não comete erros, e não tem nenhum sentimento que possa fazê-lo hesitar. Em dado momento da trama, Dexter começa a oscilar entre o que é verdadeiro e o que é falso em sua vida, fazendo-o cometer erros pífios e quase ser capturado pelo próprio departamento de polícia aonde trabalha.

É óbvio que são todos esses altos e baixos de Dexter, que tornam o seriado tão fascinante. Uma estória recheada de suspense, drama e claro, o bom e velho humor americano: como na cena em que Dexter imagina sua irmã lhe acertando um tiro na cabeça quando pensa em confessar que é o Bay Harbor butcher (açougueiro de Bay Harbor).

Para compreender a criatividade ilimitada da série, não há de prender-se a uma resenha incompleta. Minha sugestão: Comece hoje a baixar os episódios, é de graça, não dói nada, e com certeza é muito melhor que Friends, Gilmore Girls e todas essas porcarias que a Warner costuma produzir.

Link para a primeira, segunda e terceira temporada:

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=5570827&tid=2563610346280381011

Vinicius Canova Pires

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Seleção: Poesias I

Manual do cético

Fito os teus olhos de perdão,
E tento achar onde serei salvo,
Mas sei que sou apenas um maldito escravo,
E encontrarei somente a perdição,

Tuas lágrimas se vão em vão,
E arremessa a culpa no seu alvo,
Após a morte os vermes deixam calvo,
Aos que à Ele sempre dizem não,

Espírito santo resguardai meu espírito,
Pra que possa prosseguir o eu - lírico,
Da poesia que tornei real,

É ruim viver num mundo tão satírico,
E acreditar só no que é empírico,
Descrendo o que transcende o mundo material.

Vinicius Canova Pires
-
Volúpia de um pedófilo

Uma cabeça desregulada,
Que contempla a serena idade,
Quanto horror há nessa cidade,
De 2 ou 3, tornou-se uma manada,

Porque que fazem tanta coisa errada?
O que tirar de tanta insanidade?
Admirando os de menoridade,
A criatura mais imaculada,

Coisa desse tipo nunca mais se viu,
As atitudes deste ser tão vil,
Tira a pureza da criança amada,

Fora espancado e todo mundo riu,
Seu restos jazem no fundo do rio,
Demência pura está assassinada.

Vinicius Canova Pires
-
A verdade

Realidade dói, é duro, porém isso é fato,
Quando as máscaras caem e mostra-se a face,
O mentiroso sente todo o impasse,
Não ser mais homem, viver como rato,

O que importa é somente um ato:
Que se atém a todo que nasce,
No berço esplendido da nova classe,
O homem bom e verdadeiro nato,

Mentir pra si é o pior dos planos,
Sentir-se-á no decorrer dos anos,
Envelhecer no puro esquecimento,

Ser o pior de todos os humanos,
E o melhor de todos os enganos,
Enterrado ao véu lacrado com cimento.

Vinicius Canova Pires
-
O herói está morto

Desistir da vida por não ter quem nos ajude,
É o que deveria fazer por não crer,
Que no mundo há de haver,
Alguém que ama e não só ilude,

Uma mão já pedi amiúde,
Horas e horas sem responder,
O único que ainda pode ver,
Entusiasmo numa atitude,

O tempo tende a transcorrer,
Mostrando que ninguém há de socorrer,
O anônimo que aqui viveu,

Será que a única saída é morrer?
Com essa idéia não posso viver,
Sabendo hoje que o herói morreu.

Vinicius Canova Pires
-
Cartaz

O coração de leão,
Se vê em escala reduzida,
A marcha lenta da pessoa reluzida,
Que anunciou a morte de Napoleão,

Observar o poderio do vulcão,
O secar daquela rocha luzida,
Tal qual fosse uma peça produzida,
Caindo em total contradição,

É o anuncio do que está por vir,
É latente que o palhaço já não possa rir,
O futuro só nos reserva a desgraça,

Algo que não possamos impedir,
Se impõe iminente a rugir,
Primeira fila para o fim da raça.

Vinicius Canova Pires
-
Morbidezes de um faminto

A vida traz barreiras a quem tem fome,
E a fome impõe barreiras a quem tem vida,
E também dá uma passagem só de ida,
Pro inferno à aquele que não come,

É trágico ver quando o dinheiro some,
E desesperador quando você não lida,
Com o propósito de sua vida ruída,
O mundo todo apenas te consome,

É o fim da linha pros despreparados,
Para o humilde que não tem calçados,
Os pés no chão traduzem o desespero,

Alegoria de todos os usados,
Daqueles que foram todos maltratados,
E vivendo só no naquele destempero.

Vinicius Canova Pires
-
Restos mortais

A lembrança é ficção pra quem desconhece,
A vida toda se traduz em mágoa,
Observar todo mover da água,
Do passado que me reconhece,

Posso sentar e fazer uma prece,
Sentir que noutro rio minha vida deságua,
E a pureza é branca chega parece anágua,
Daquela vida que sequer me esquece,

O gatuno que ceifa memórias,
Aquela vida resumida em glórias,
Sua faca fez somente um corte,

Posso enxergar todas as trajetórias,
Meu pai, mãe e pessoas notórias,
Que me choraram mesmo após a morte.

Vinicius Canova Pires

terça-feira, 5 de maio de 2009

Carta para os meus "fãs"



Não posso ser mentiroso e hipócrita em omitir um dos meus maiores prazeres: comentários de fãs. Algumas pessoas não se deram conta do que faço questão de deixar exposto bem ali ó, do lado direito do blog. Mas isso é normal, quando as pessoas querem te derrubar, faça um discurso à lá Ruy Barbosa e mesmo assim, acharão farpas milimétricas em sua exposição. O que dizer sobre isso? Majestoso, magnífico e adorável.

Oh! Mas como assim? As pessoas que ficam me analisando e procurando ínfimos deslizes não se dão conta de que estão perdendo uma porção de tempo das suas vidas comigo. E quem é o Vinicius Canova Pires? Bom... pela minha convivência com este sujeito, posso dizer que cursa Direito na Uniron, já trabalhou no Jornal Folha de Rondônia, na Assembléia Legislativa do Estado e... bem... exato! Ele não é absolutamente nada, ninguém. E é por isso que vocês caros fãs tornam a brincadeira tão divertida.

Já vi pessoas gastarem tempo com Diogo Mainardi, Lya Luft, Ruth de Aquino, Fernando Abrucio, Paulo Guedes, William Bonner e até, na pior das hipóteses, a senhorita Isabela Boscov (cinema). Mas o Canova? Tenham dó meus queridos de tempo sobrado. Confesso que isso me deixa um pouco chateado e profundamente magoado. Quando penso que alguém vai me criticar, espero que seja no mínimo alguém credenciado como, por exemplo: meu pai – jornalista muito bem respeitado no seu meio de atuação –, ou minha mãe que trabalhou durante muito tempo no mesmo ofício. Aceito até mesmo que simplismente sejam pessoas que saibam ler e escrever sem precisar buscar no Aurélio On-Line o significado das palavras.

Mas eu sei que isso seria um pedido abusivo de minha parte. Vocês teriam que retornar à escola. Ou comprar uma gramática, talvez. Vou ser sincero com os senhores: Sofrer de tédio é um mal de quase toda a população de Porto Velho pela falta de opções. Mas o pouco de criatividade que vocês têm pra fazer algo produtivo, para crescerem, deveria ser direcionada a alguma atividade intelectual. Afinal de contas, uma coisa é certa: coitados como vocês, não estancariam o crescimento profissional nem de uma criança de 10 anos, que já teria discernimento suficiente para responder-lhes a altura. É literalmente uma brincadeira de criança.

Se eu sinto raiva, ódio, tristeza, mágoa e afins? Nunca. Na verdade tenho um sentimento um pouco mais degradante pra vocês do que pra mim: pena. Enquanto poderiam estar estudando e conhecendo um pouco mais sobre o mundo, direcionam todo seu potencial – se é que têm -, tentando desbancar o “indisbancável”. É um triste fim, porém merecido fim, para a sua casta de apedeutas.

Vinicius Canova Pires

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Crônica: O eunuco



Sou um celibatário. Não por opção, e sim por imposição. Alguém lá de cima julgou que seria divertido presentear uma boa pessoa com impotência sexual crônica. Tudo bem. Um homem de 50 anos de idade já aprendeu a superar esse tipo de problema, mesmo que não tenha sido nada fácil. Já visitei todos os possíveis tipos de profissionais na arte do sexo: de prostitutas a médicos especialistas no assunto. De nada adiantou.


Com o tempo a depressão e a frustração de não poder ter satisfação sexual passaram. É claro que tive meus tempos de obsessão e só consegui coibi-los me viciando em outras coisas que não cabem serem comentadas agora. O que realmente importa, é que tudo isso já foi superado. Acho que caí no ostracismo do divino e do físico, então joguei da mesma forma. Superei o que precisava ser superado e comecei a viver uma vida de análises e críticas que envolvem homens e mulheres.

Mulheres... Ah, as mulheres... Conseguem ser tão amorosas e delicadas quanto Afrodite, e ao mesmo tempo serem tão impetuosas, maliciosas e perniciosas quanto Hades. Observa-se uma relação imensa de contrastes a cada movimento de uma mulher. Nos olhos, nas formas, no jeito de agir quando querem possuir algo. Um poder enorme de persuasão que deriva de um conjunto de trejeitos que formam uma performance quase cinematográfica, talvez até melhor.

Por esse lado, fico feliz em poder enxergar além do que os homens casuais conseguem ver. Como se fossem rottweilers a espreita de quilos de carne fresca e temperada em movimento. Já eu, posso vislumbrar tudo aquilo que elas realmente são. As criações mais perfeitas de Deus. Inteligência, traços perfeitos, observância, instintos de caçador e fome de viver. Tudo aquilo que a maioria dos homens não possuem.

Os machos são aqueles seres que foram criados a partir de uma parte só de um corpo morto: O umbigo. Porque é só isso que conseguem enxergar. Tão individualistas e afoitos na busca de seus objetivos, que a maioria fica pelo caminho. São presas fáceis para as mulheres interesseiras que nunca perdem sua inteligência. Caem facilmente em qualquer vício e topam qualquer parada pra provarem que são os melhores para os outros, nunca pra si mesmos.

E sobram os eunucos, que não servem pra absolutamente nada. Sem poder de coito, sem atrações sexuais, sem atribuições de afeto e sem vontade de viver. Fazendo da sua própria existência um jogo absurdo de estudos sobre a vida alheia. Mas infelizmente escolhemos caminhos estranhos em nossas vidas que não puderam trilhar o caminho do que é natural para todo mundo. Gostaria que isso tudo tivesse sido apenas um conto de fadas ou uma das famosas crônicas do Canova. Infelizmente não é.

Vinicius Canova Pires

Um homem de fé e respeito



Hoje em dia, falar de religião e usar a palavra “fé” e “respeito” é quase impossível. Pouquíssimas são as vezes que conseguimos enxergar homens de caráter real militando dentro de uma organização de fé. A luta dos seres humanos de bem em busca de realização profissional e capital têm se intensificado mais nas últimas décadas. É mais difícil conseguir emprego, sendo que agora em praticamente todos os ofícios se é necessário portar um diploma.

Em contrapartida, da mesma forma que as pessoas de bom grado se esforçam para conseguir dinheiro, os manipuladores de má-fé aperfeiçoam suas técnicas de extorsão. Pelo menos 30% do dinheiro que se recebe com labuta, trabalho duro e integridade moral é direcionado às igrejas e templos sagrados. O respeito é apenas unilateral e cego. Os cépticos obviamente respeitam esses homens de bem, afinal de contas, como já disse anteriormente, o ser humano não consegue suportar a pressão de não ter em que se apegar.

Mas para não ter a chance de ser tachado como alguém que vive de generalizações, resolvi exaltar hoje uma figura muito conhecida no Brasil, de personalidade e caráter inquestionáveis até para os que são contra a prática do espiritismo: Chico Xavier.

Francisco Cândido Xavier além de ser um célebre difusor do espiritismo no Brasil e no mundo, é conhecido por ter passado a sua vida inteira alentando pessoas nos seus momentos de sofrimento e angustia. Organizava entregas de alimentos para as comunidades carentes de Uberaba-MG e nunca refutou visitantes que ocasionalmente precisassem de sua mão. Vendeu tantos livros que fica difícil contabilizar a soma em dinheiro oriunda de suas vendas, dinheiro este, que jamais ficara em seus domínios. Sua explicação era bem simples: - Não fui eu quem os escreveu, portanto, esse dinheiro não me pertence.

Médium? Esquizofrênico? Perturbado? Não importa. O que realmente importa foram as atitudes de Xavier resultantes de qualquer uma dessas hipóteses. Não se ouviu falar de Chico Xavier brincando com a fé das pessoas que se ajoelhavam e amontoavam filas para vê-lo. O que ele fazia, sem levar em conta a legitimidade, era lavar a alma dos desamparados que necessitavam de sua presença física e de seu possível e ainda duvidoso poder espiritual.

Longe de ser um charlatão, Chico Xavier alegrava as pessoas que tiveram a chance de conhecê-lo pessoalmente. Um homem de fé que jamais subjugou o próximo que não compactuasse com seus ideais religiosos. Nunca previu o inferno na vida daqueles que não os seguissem. Nada disso! A vida desse grande ser humano foi exemplo de amor, misericórdia e compaixão. Algo muito mais próximo de Deus, do que qualquer outro preceito religioso contemporâneo. Uma relação mais estreita do que qualquer outra coisa que já presenciamos.

Chico faleceu no dia 30 de Junho de 2002, dia este, em que a seleção brasileira de futebol conquistava o pentacampeonato mundial. Dia de festa, de comemorações, aonde contrastando com tudo isso, perdemos alguém com quem poderíamos ter aprendido a sermos seres humanos melhores, mais bondosos e se duvidar, até mais próximos de Deus. Um exemplo de homem que conciliava muito bem a palavra “respeito” e “fé”, exatamente porque era isso que ele era e transbordava. Um exemplo a ser seguidos por todos nós, os homens feitos de barro.

Vinicius Canova Pires

sábado, 2 de maio de 2009

Nossa cultura musical morreu?



Adoniran Barbosa, Chico Buarque de Hollanda, Cazuza, Renato Russo, Elis Regina, Tim Maia, Erasmo Carlos, Tom Jobim, entre outras grandes figuras da musicalidade brasileira, estão mortas. Não literalmente – alguns que foram citados ainda coabitam o solo –, mas morreram musicalmente falando. Grandes compositores e interpretes da música em nosso país que proclamavam poesias em suas músicas, não sobreviveram à revolução da indústria musical brasileira.


A ditadura militar obrigava alguns de nossos compositores e artistas de melhor qualidade a maquiarem suas músicas tornando-as muito mais interessantes do que se tivessem sido feitas com mensagens diretas e de fácil compreensão. A música tinha finalidade. Naquela época se falava de amor verdadeiro, com instinto e sentimento de paixão. Falava-se de luta, de recaídas, reações e todas as coisas possíveis que se podia fazer para que o ser humano reacionário desse os seus primeiros passos na vida.

É quase impossível acreditar que o brasileiro como de praxe conseguiu dar dez passos pra trás em tão pouco tempo. A cultura que os pais ensinam e tentam passar para os seus filhos sequer é levada em conta. – Coisa de velho –, eles costumam dizer. A música popular brasileira (MPB), a Bossa Nova, o Samba de Raiz, entre outros estilos musicais pomposos e cheios de conteúdo deram total espaço ao Sertanejo, Brega, Pop, Dance Music, Funk, e demais espécies de música que nada tem a contribuir com a cultura.

A importância da composição, da letra em si, foi substituída por uma espécie de som bate-estaca que eu ainda não sei como, mas agrada aos ouvidos de uma maioria assustadora. E o que mais me deixa perplexo é pensar que as próximas gerações só tendem a piorar. A música de verdade, o romantismo real e o lirismo estão prestes a serem extintos. É uma realidade cruel, porém, verdadeira.

Então não me resta nada a fazer, senão, agradecer os meus pais por dias inteiros ouvindo discos de Elis Regina, o poderoso Tim Maia, Raul Seixas, Cazuza, enfim, tudo que de melhor a música poderia me proporcionar. Eu espero sinceramente, que os poucos conscientes que restaram tenham a decência e a sensibilidade de entender que, é de suma importância que os seus filhos herdem seus gostos musicais. Salvem os coitados desse estereótipo parvo que é a tendência nacional para os próximos anos. É pau, é pedra é o fim do caminho.

Vinicius Canova Pires

Crônica: O monólogo de um cafetão


Cafetão. Bem, essa é uma palavra que nunca me agradou. Eu prefiro me definir como um empresário do ramo dos prazeres físicos. E pra ser bem sincero, eu sou muito bom nisso. Se querem saber, não me visto com ternos roxos e chapéus com plumas de ganso na cabeça. Sempre fui discreto, e essa foi a mesma discrição que tornou os negócios tão rentáveis. A clientela? É a mais seleta possível. Deputados, advogados, gente de alto escalão. Nada de bêbados e adolescentes transpirando virilidade. Esse costume de ter que contar o que se faz em quatro paredes para os amigos seria péssimo para os negócios.

O bom é ter pessoas poderosas na palma de suas mãos. Por quê? Simples. Porque sempre estão amarradas a alguma falcatrua, não podem abrir o bico e causar o risco de caírem na imprensa e de afetar suas vidas pessoais. Filhos, esposas, politicagem, vida pública, esses são todos os escudos de que eu preciso para ser quem sou. Meu nome verdadeiro, é obvio que eles não sabem. Sou um negociante, irredutível nos meus preços. Nunca trabalhei, não trabalho e nem nunca trabalharei com drogas. Eu tenho uma ideologia, não sou um mulambo qualquer que faria qualquer coisa para encorpar os negócios.

Europa, Ásia, Oceania, Américas, tanto faz. Meu cliente especifica o seu tipo de prazer: tamanho, corpo, cabelos, modalidade sexual. E eu as consigo. São 20 anos desenvolvendo esse tipo de trabalho. Também tenho vida pessoal, uma família pra criar e um emprego comum que uso meu nome de verdade. Às vezes cruzo com alguns de meus clientes nas ruas, padarias, lojas, gabinetes e por aí vai. Mas eles sabem que uma das minhas exigências é que não passem nem perto de mim, tampouco da minha família. Faça isso, e faremos negócio pelo resto da vida se necessário.

Eu compreendo estes homens. O sexo casual depois de dias a fio de estresse pode ser mortal para um ser humano. A cabeça não agüenta, o corpo não resiste. É como comer feijão com arroz todos os dias. Eles me procuram porque sabem que o que eu tenho a oferecer é muito mais do que eles podem encontrar por si sós. Prostitutas por prostitutas, em qualquer esquina se pode encontrar. Mas todo homem tem um desejo íntimo, algo que queira realizar. Algo que está fora de qualquer padrão social aceitável.

Traição? Também acho uma palavra muito forte. Estes homens teriam sim poder para lutar contra sua própria natureza. Mas fazendo isso, colocariam em risco um matrimônio e uma família estabilizada. Quando o homem realiza o seu desejo mais íntimo, consegue voltar pra casa e compensar sua esposa. Seja porque realizou seus objetivos sexuais, seja porque ficou com sua consciência pesada.

Aí me perguntariam: Mas e você não perde a sua clientela com esse tipo de jogo familiar? Claro que não! Os instintos dos seres humanos são muito mais aguçados do que qualquer sentimento. Então, se eles se sentem culpados, é algo que dura no máximo dois meses. A vida continua, e ela é lenta, monótona, e previsível. O ciclo vicioso de acordar, trabalhar, voltar pra casa e fazer sexo com sua querida esposa carente, enjoa sempre. E aí, eles voltam a me procurar.

Ás vezes eu penso se eu deveria ficar com a minha consciência pesada, se não seria falta de amor ao próximo fazer o que faço. Mas daí eu penso que aquele pai de família mesmo com sua vida dividida entre verdades fraternais e mentiras conjugais sempre voltará para casa. Vai abraçar seu filho, dar-lhe um presente e talvez até leia uma estória para ele antes de dormir. O que tento fazer no meu ramo, é dispersar um pouco essa idéia de vida monótona do homem. Nós temos 24 horas por dia e estamos sempre repetindo os mesmos passos.

O homem precisa estar centrado em seu trabalho para receber com honra e dignidade o título de mantenedor de um lar. Mas é impossível que ele faça tudo que a vida lhe impõe sem falhar quando por dentro sempre está vazio. O meu trabalho é renovar essa felicidade. E eu não me culpo por isso.

Vinicius Canova Pires

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Life in a glass house



Os imbecis perdem tanto tempo tentando aliciar pessoas no seu mundo de ignorância e parca inteligência, que acabo me convencendo de que realmente existem pessoas que se escondem dentro de uma casa de vidro. Mas não um vidro comum, um vidro quase espelhado, aonde o que se enxerga é somente uma visão completa de si. “Narciso acha feio tudo aquilo que não é espelho”. Verdade! Mas o narcisismo usual, deu espaço à uma nova forma viral de vaidade excessiva.

Repugnantes e prepotentes, eles não se satisfazem com o bel prazer de passarem horas e horas contemplando sua “perfeição”. Querem enxergar nem que seja um pouco deles nas pessoas que se deixam manipular facilmente. O pior de tudo, é que normalmente esse tipo é conhecido pelo mimo, e visto pelas pessoas que possuem cérebro como acéfalos. Eu não os culpo pelo julgamento: eu penso o mesmo.

Os carros, as casas de praia, as viagens quase cotidianas, as bebidas caras, os bares bem freqüentados, a aparência, enfim, conseguem dar importância a todo e qualquer bem material, como se fosse algo normal. O caráter, a ideologia, a compreensão e o discernimento de nada importam. O que vale mesmo é o que têm e o que potencialmente já possuem. Normalmente essas crianças mórbidas sofrem de síndrome do Peter Pan. O seu desejo é poder passar o resto da vida brincando e pulando, angariando amigos que pensam da mesma forma, para que jamais possam se sentir culpados pela vida ridícula e sem sentido que tiverem e ainda tem.

No passado existiam jovens idealistas e cheios de vontade de crescer na vida. Entravam na vida política muito cedo, às vezes pelo caminho errado, mas não se desvencilhavam, conseguiam se erguer e voltar aos trilhos. Porque existia um objetivo, algo maior que a preocupação que não passa de 2m² ao nosso redor. Infelizmente, o que vejo hoje são jovens e pessoas próximas a mim, que não conseguem enxergar um palmo a sua frente. Novidade queridos: papai e mamãe morrem. Viram comida de minhocas e larvas. Mas antes disso, lhe deixaram um patrimônio e uma história pra contar na sociedade. Algo que mesmo vocês com seu resquício mínimo de suco cerebral conseguem perceber e admirar.

E agora José? A vida de extravagância exacerbada e noitadas sem fim ainda faz algum sentido? É óbvio que sim. Pra vocês, não adianta falar, não existe ninguém que possa tirá-los dessa casa de vidro. A única realidade é a perdição. Pois pedir pra vocês pensarem, criarem objetivos e realiza-los seria uma heresia da minha parte, ou de qualquer outra pessoa que tente abrir os seus olhos. Mas o que me deixa feliz, é saber que um dia chegará a hora que os olhos internos vão se abrir, e aí vai ser tarde demais pra esboçar alguma reação. A partir desse momento o caminho atual até a beira da morte, vai ser tão lento e tão sofrível que poderia virar conto de horror pra Stephen King nenhum botar defeito.

Vinicius Canova Pires