Manual do cético
Fito os teus olhos de perdão,
E tento achar onde serei salvo,
Mas sei que sou apenas um maldito escravo,
E encontrarei somente a perdição,
Tuas lágrimas se vão em vão,
E arremessa a culpa no seu alvo,
Após a morte os vermes deixam calvo,
Aos que à Ele sempre dizem não,
Espírito santo resguardai meu espírito,
Pra que possa prosseguir o eu - lírico,
Da poesia que tornei real,
É ruim viver num mundo tão satírico,
E acreditar só no que é empírico,
Descrendo o que transcende o mundo material.
Vinicius Canova Pires
-
Volúpia de um pedófilo
Uma cabeça desregulada,
Que contempla a serena idade,
Quanto horror há nessa cidade,
De 2 ou 3, tornou-se uma manada,
Porque que fazem tanta coisa errada?
O que tirar de tanta insanidade?
Admirando os de menoridade,
A criatura mais imaculada,
Coisa desse tipo nunca mais se viu,
As atitudes deste ser tão vil,
Tira a pureza da criança amada,
Fora espancado e todo mundo riu,
Seu restos jazem no fundo do rio,
Demência pura está assassinada.
Vinicius Canova Pires
-
A verdade
Realidade dói, é duro, porém isso é fato,
Quando as máscaras caem e mostra-se a face,
O mentiroso sente todo o impasse,
Não ser mais homem, viver como rato,
O que importa é somente um ato:
Que se atém a todo que nasce,
No berço esplendido da nova classe,
O homem bom e verdadeiro nato,
Mentir pra si é o pior dos planos,
Sentir-se-á no decorrer dos anos,
Envelhecer no puro esquecimento,
Ser o pior de todos os humanos,
E o melhor de todos os enganos,
Enterrado ao véu lacrado com cimento.
Vinicius Canova Pires
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O herói está morto
Desistir da vida por não ter quem nos ajude,
É o que deveria fazer por não crer,
Que no mundo há de haver,
Alguém que ama e não só ilude,
Uma mão já pedi amiúde,
Horas e horas sem responder,
O único que ainda pode ver,
Entusiasmo numa atitude,
O tempo tende a transcorrer,
Mostrando que ninguém há de socorrer,
O anônimo que aqui viveu,
Será que a única saída é morrer?
Com essa idéia não posso viver,
Sabendo hoje que o herói morreu.
Vinicius Canova Pires
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Cartaz
O coração de leão,
Se vê em escala reduzida,
A marcha lenta da pessoa reluzida,
Que anunciou a morte de Napoleão,
Observar o poderio do vulcão,
O secar daquela rocha luzida,
Tal qual fosse uma peça produzida,
Caindo em total contradição,
É o anuncio do que está por vir,
É latente que o palhaço já não possa rir,
O futuro só nos reserva a desgraça,
Algo que não possamos impedir,
Se impõe iminente a rugir,
Primeira fila para o fim da raça.
Vinicius Canova Pires
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Morbidezes de um faminto
A vida traz barreiras a quem tem fome,
E a fome impõe barreiras a quem tem vida,
E também dá uma passagem só de ida,
Pro inferno à aquele que não come,
É trágico ver quando o dinheiro some,
E desesperador quando você não lida,
Com o propósito de sua vida ruída,
O mundo todo apenas te consome,
É o fim da linha pros despreparados,
Para o humilde que não tem calçados,
Os pés no chão traduzem o desespero,
Alegoria de todos os usados,
Daqueles que foram todos maltratados,
E vivendo só no naquele destempero.
Vinicius Canova Pires
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Restos mortais
A lembrança é ficção pra quem desconhece,
A vida toda se traduz em mágoa,
Observar todo mover da água,
Do passado que me reconhece,
Posso sentar e fazer uma prece,
Sentir que noutro rio minha vida deságua,
E a pureza é branca chega parece anágua,
Daquela vida que sequer me esquece,
O gatuno que ceifa memórias,
Aquela vida resumida em glórias,
Sua faca fez somente um corte,
Posso enxergar todas as trajetórias,
Meu pai, mãe e pessoas notórias,
Que me choraram mesmo após a morte.
Vinicius Canova Pires
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