segunda-feira, 4 de maio de 2009

Crônica: O eunuco



Sou um celibatário. Não por opção, e sim por imposição. Alguém lá de cima julgou que seria divertido presentear uma boa pessoa com impotência sexual crônica. Tudo bem. Um homem de 50 anos de idade já aprendeu a superar esse tipo de problema, mesmo que não tenha sido nada fácil. Já visitei todos os possíveis tipos de profissionais na arte do sexo: de prostitutas a médicos especialistas no assunto. De nada adiantou.


Com o tempo a depressão e a frustração de não poder ter satisfação sexual passaram. É claro que tive meus tempos de obsessão e só consegui coibi-los me viciando em outras coisas que não cabem serem comentadas agora. O que realmente importa, é que tudo isso já foi superado. Acho que caí no ostracismo do divino e do físico, então joguei da mesma forma. Superei o que precisava ser superado e comecei a viver uma vida de análises e críticas que envolvem homens e mulheres.

Mulheres... Ah, as mulheres... Conseguem ser tão amorosas e delicadas quanto Afrodite, e ao mesmo tempo serem tão impetuosas, maliciosas e perniciosas quanto Hades. Observa-se uma relação imensa de contrastes a cada movimento de uma mulher. Nos olhos, nas formas, no jeito de agir quando querem possuir algo. Um poder enorme de persuasão que deriva de um conjunto de trejeitos que formam uma performance quase cinematográfica, talvez até melhor.

Por esse lado, fico feliz em poder enxergar além do que os homens casuais conseguem ver. Como se fossem rottweilers a espreita de quilos de carne fresca e temperada em movimento. Já eu, posso vislumbrar tudo aquilo que elas realmente são. As criações mais perfeitas de Deus. Inteligência, traços perfeitos, observância, instintos de caçador e fome de viver. Tudo aquilo que a maioria dos homens não possuem.

Os machos são aqueles seres que foram criados a partir de uma parte só de um corpo morto: O umbigo. Porque é só isso que conseguem enxergar. Tão individualistas e afoitos na busca de seus objetivos, que a maioria fica pelo caminho. São presas fáceis para as mulheres interesseiras que nunca perdem sua inteligência. Caem facilmente em qualquer vício e topam qualquer parada pra provarem que são os melhores para os outros, nunca pra si mesmos.

E sobram os eunucos, que não servem pra absolutamente nada. Sem poder de coito, sem atrações sexuais, sem atribuições de afeto e sem vontade de viver. Fazendo da sua própria existência um jogo absurdo de estudos sobre a vida alheia. Mas infelizmente escolhemos caminhos estranhos em nossas vidas que não puderam trilhar o caminho do que é natural para todo mundo. Gostaria que isso tudo tivesse sido apenas um conto de fadas ou uma das famosas crônicas do Canova. Infelizmente não é.

Vinicius Canova Pires

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