quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2010: ainda há esperança?

Numa espera de aeroporto, com a ansiedade à flor da pele, sempre tenho a necessidade de comprar algo para ler. Algo que possa me entreter nas horas que precisam ser preenchidas da minha chegada, até a chegada da pessoa esperada. Esse é o primeiro ponto onde a esperança precisa ser eficaz: encontrar uma leitura capaz de enganar minha concepção de tempo.

A capa da revista Galileu de dezembro/09 revive uma caricatura da TIME, revista americana que nos anos 80 mostrava uma arma apontada para o leitor dava vida à idéia de que a comercialização livre de armas no país era algo a ser revisto, mas a Galileu no lugar da arma, colocou uma entrada USB e um PEN DRIVE em cima, caracterizando a disseminação dos crimes de Internet. Inclusive, atribuindo aos piratas da rede (hackers) o apagão ocorrido no país, no último mês de novembro.

Mas, na verdade o que me interessou foi a matéria do menino africano William Kamkwamba, especificamente no Malauí e que tinha somente 14 (quatorze) anos de idade, quando aprendeu através de livros didáticos doados pelos americanos, a fazer com entulho e lixo, uma torre de captação de energia eólica. Um semi-analfabeto, que só sabia falar o dialeto predominante em seu vilarejo, aprende sozinho a ler e escrever em inglês, e decifra então, o mundo enigmático da física.

Esse tipo de matéria que ainda consegue despertar em mim um pouco de esperança do que podem ser os próximos anos. Talvez não em 2010, tampouco em 2011, mas pessoas singulares como o pequeno africano que escreveu o livro “O menino que domou o vento”, podem em sua parcela de contribuição, mudar cabeças. Fazer com que as pessoas enxerguem um mundo diferente. E só em pessoas diferentes, é que nós conseguiremos manter um ciclo harmonioso de paz, que sei, cada um de nós deseja intensamente. Então, para 2010, quero agradecer a todos vocês que leram a recém-nascida coluna “Pingo nos IS”, e que o ano comece da melhor maneira possível para todos vocês. Um grande abraço, boas festas.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Natal: confraternização e extremismo

Existem pessoas que se rebelaram contra a data comemorativa do natal. Dia em que, para muitos, não passa de uma mera oportunidade capitalista para os grandes empresários angariarem mais o dinheiro da população, um apelo consumista de final de ano que custeará o inicio de novas idéias pro ano seguinte. Do outro lado da linha, a maioria dos cristãos se prepara o ano inteiro para celebrar mais um aniversário de Jesus de Nazaré.

Apesar do lado hipócrita do Natal, algumas pessoas realmente fazem questão de promover um pouco de felicidade a outras que nada têm. Normalmente essas pessoas preferem ficar no anonimato, ou simplesmente não fazem questão de estarem cercadas de publicidade em cima desse ato de nobreza. Afinal de contas, fazer o bem sem olhar a quem, é uma obrigação ou um favor? Ainda existem pessoas conscientes de que seja uma obrigação.

Nós, no refugio aconchegante de nossos lares, não podemos esquecer que enquanto estamos bem de vida, finalizando mais um ano de saúde e tendo a chance de abraçarmos nossas mães lacrimejando de alegria, crianças mundo afora se afogam em choros torrenciais e pedem às suas mães um pouco de comida que infelizmente, não podem prover.

O discurso é sempre igual. A lástima é sempre a mesma. Quem lê, já tacha: pura demagogia. Mas ninguém que tem a oportunidade de voltar pra casa todos os dias para um lar regado de todas as regalias divinas, poderá julgar ou sequer opinar sobre o que é demagógico ou não em relação às carências do povo.

Se a nossa crosta de individualização nos impede de sermos caridosos todos os dias, que sejamos ao menos uma vez por ano. Não para saldar dívidas com nossas religiões, e sim, com nossas próprias consciências. Nós já sabemos que não poderemos depender da “aristocracia” brasileira para que isso aconteça. Então, fazer um lugar melhor para seus filhos pode começar agora, e partindo de você. Feliz Natal a todos.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sinônimos de subsistência

Mensalão, mensalinho, propina, “molhar das mãos”, “faz-me-rir”, e outras expressões que se tornaram chavões dentro do mundo da política brasileira já viraram clichês que enredam até os roteiros de teatros internacionais. Por que citar só a corrupção brasileira? Porque, convenhamos: dentro da política séria (teoricamente), as coisas mais escrachadas que acontecem dentro desse contexto, se passa em território brasileiro. Nós vivemos um conceito chamado: só acredito vendo.
Mas, tem como ver mais do que já foi mostrado nos últimos 10 (dez) anos, por exemplo? Collor? Fichinha. Sarney? Fichinha. Ditadura Militar? Ok, ok, nem tão fichinha assim, mas com certeza, bem parelho ao contemporâneo. Internacionalmente, temos boas relações com os países estrangeiros, isso claro, enquanto uma das cidades mais bonitas do nosso país perece em contínua guerra civil.

Em meio a esse drama, os políticos, donos de jornais, grandes empresários, e afins, vão colocando dinheiro de propina em suas roupas íntimas, calçados, meias, bolsos internos e externos de seus ternos. Eles rezam, pedem proteção divina para quem está “provendo”, é claro. Afinal de contas, quem é que quer perder a sua teta provedora de fundos não contabilizados? Aquela dinheirama que não é descontada no ‘leão’, é a mais rentável que existe. Para os políticos, ela serve para financiar as campanhas milionárias e incertas.

Seja qual for o termo que se prefira, esse dinheiro ‘extra’ proveniente muitas vezes do suor do cidadão comum, é desperdiçado para o bem de uma pessoa só, gasto com iguarias prazerosas, festas, financiamento do tráfico de drogas, entre tentas outras vertentes de investimentos que podem ser tachadas como desperdício.

Resumindo: assim como em alguns lugares do planeta, uma parte de agricultores precisa do seu próprio plantio para viver, não só na venda, mas também no consumo, esse tipo de gente só consegue sobreviver se aproveitando dos outros. Não conhecem outro tipo de vida se não aquela inversão do ditado de Robin Hood: roubar dos pobres para dar aos ricos.