sábado, 2 de maio de 2009

Nossa cultura musical morreu?



Adoniran Barbosa, Chico Buarque de Hollanda, Cazuza, Renato Russo, Elis Regina, Tim Maia, Erasmo Carlos, Tom Jobim, entre outras grandes figuras da musicalidade brasileira, estão mortas. Não literalmente – alguns que foram citados ainda coabitam o solo –, mas morreram musicalmente falando. Grandes compositores e interpretes da música em nosso país que proclamavam poesias em suas músicas, não sobreviveram à revolução da indústria musical brasileira.


A ditadura militar obrigava alguns de nossos compositores e artistas de melhor qualidade a maquiarem suas músicas tornando-as muito mais interessantes do que se tivessem sido feitas com mensagens diretas e de fácil compreensão. A música tinha finalidade. Naquela época se falava de amor verdadeiro, com instinto e sentimento de paixão. Falava-se de luta, de recaídas, reações e todas as coisas possíveis que se podia fazer para que o ser humano reacionário desse os seus primeiros passos na vida.

É quase impossível acreditar que o brasileiro como de praxe conseguiu dar dez passos pra trás em tão pouco tempo. A cultura que os pais ensinam e tentam passar para os seus filhos sequer é levada em conta. – Coisa de velho –, eles costumam dizer. A música popular brasileira (MPB), a Bossa Nova, o Samba de Raiz, entre outros estilos musicais pomposos e cheios de conteúdo deram total espaço ao Sertanejo, Brega, Pop, Dance Music, Funk, e demais espécies de música que nada tem a contribuir com a cultura.

A importância da composição, da letra em si, foi substituída por uma espécie de som bate-estaca que eu ainda não sei como, mas agrada aos ouvidos de uma maioria assustadora. E o que mais me deixa perplexo é pensar que as próximas gerações só tendem a piorar. A música de verdade, o romantismo real e o lirismo estão prestes a serem extintos. É uma realidade cruel, porém, verdadeira.

Então não me resta nada a fazer, senão, agradecer os meus pais por dias inteiros ouvindo discos de Elis Regina, o poderoso Tim Maia, Raul Seixas, Cazuza, enfim, tudo que de melhor a música poderia me proporcionar. Eu espero sinceramente, que os poucos conscientes que restaram tenham a decência e a sensibilidade de entender que, é de suma importância que os seus filhos herdem seus gostos musicais. Salvem os coitados desse estereótipo parvo que é a tendência nacional para os próximos anos. É pau, é pedra é o fim do caminho.

Vinicius Canova Pires

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