Adoniran Barbosa, Chico Buarque de Hollanda, Cazuza, Renato Russo, Elis Regina, Tim Maia, Erasmo Carlos, Tom Jobim, entre outras grandes figuras da musicalidade brasileira, estão mortas. Não literalmente – alguns que foram citados ainda coabitam o solo –, mas morreram musicalmente falando. Grandes compositores e interpretes da música em nosso país que proclamavam poesias em suas músicas, não sobreviveram à revolução da indústria musical brasileira.
A ditadura militar obrigava alguns de nossos compositores e artistas de melhor qualidade a maquiarem suas músicas tornando-as muito mais interessantes do que se tivessem sido feitas com mensagens diretas e de fácil compreensão. A música tinha finalidade. Naquela época se falava de amor verdadeiro, com instinto e sentimento de paixão. Falava-se de luta, de recaídas, reações e todas as coisas possíveis que se podia fazer para que o ser humano reacionário desse os seus primeiros passos na vida.
É quase impossível acreditar que o brasileiro como de praxe conseguiu dar dez passos pra trás em tão pouco tempo. A cultura que os pais ensinam e tentam passar para os seus filhos sequer é levada em conta. – Coisa de velho –, eles costumam dizer. A música popular brasileira (MPB), a Bossa Nova, o Samba de Raiz, entre outros estilos musicais pomposos e cheios de conteúdo deram total espaço ao Sertanejo, Brega, Pop, Dance Music, Funk, e demais espécies de música que nada tem a contribuir com a cultura.
A importância da composição, da letra em si, foi substituída por uma espécie de som bate-estaca que eu ainda não sei como, mas agrada aos ouvidos de uma maioria assustadora. E o que mais me deixa perplexo é pensar que as próximas gerações só tendem a piorar. A música de verdade, o romantismo real e o lirismo estão prestes a serem extintos. É uma realidade cruel, porém, verdadeira.
Então não me resta nada a fazer, senão, agradecer os meus pais por dias inteiros ouvindo discos de Elis Regina, o poderoso Tim Maia, Raul Seixas, Cazuza, enfim, tudo que de melhor a música poderia me proporcionar. Eu espero sinceramente, que os poucos conscientes que restaram tenham a decência e a sensibilidade de entender que, é de suma importância que os seus filhos herdem seus gostos musicais. Salvem os coitados desse estereótipo parvo que é a tendência nacional para os próximos anos. É pau, é pedra é o fim do caminho.
Vinicius Canova Pires
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