quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quando é legal ser ilegal



Algumas pessoas pensam que em suas posições profissionais alcançaram uma espécie de nível celestial revestido de impunidade. São tendenciosas a respeito da justiça que cerca todo brasileiro, e parecem já prever os acontecimentos agindo por premeditação. E nós, cidadãos comuns em sociedade citada para o mundo todo como livre, somos vítimas em potencial dessa pequena casta de pseudo-Deuses.


Eles estão em todo o lugar: no topo de grandes empresas, de emissoras de tevê, no serviço público em todas as suas esferas de atuação, enfim. São piores que as pragas urbanas que inseticida nenhum consegue resolver. Depois de um conceito mais abrangente sobre o que eu gostaria de falar, quero reduzir hoje, e apenas hoje, minhas criticas a um grupo em especial: a polícia.

Jamais generalizarei. Ainda acredito (ou talvez apenas esteja cego em querer acreditar) que os policiais em sua grande maioria, ainda optam por serem conscientes, pensando no próximo, na pátria e buscando tudo isso baseado no bom-senso. Mas infelizmente, uma maçã podre pode comprometer todo o pomar. Em suma, deve-se a polícia, a tarefa da observância, do resguardo e do zelo da população de sua cidade/estado/país, e quando isso deixa de ser primordial, o tédio toma conta do dia-a-dia de trabalho, e cabeça vazia é oficina do diabo.

Vi inúmeras vezes na televisão casos de abuso policial. Sem justificativa, sem razão, apenas por mera diversão. Eram flagras aonde os policiais polidos que ajudam as senhoras de idade a atravessarem a rua, tornam-se criminosos inescrupulosos com maldade igual ou maior do que as pessoas que costumam dar passeios em camburões de viaturas. Mas uma coisa inédita para mim, é ver um funcionário público tripudiar em cima do estado, conseguindo em menos de uma hora, violar todas as regras de regimento-interno trabalhista concomitantemente a algumas leis do código penal.

E isso aconteceu aqui. No meu estado, na minha cidade. Policial civil bêbado, em horário de trabalho, deixando duas menores de idade em casa – provavelmente tendo relações sexuais com elas, afinal de contas, não conheço nenhum policial tão altruísta a ponto de dar carona para menores, de madrugada, na viatura da polícia e em horário de trabalho –, tentando atropelar um civil, e depois disparando 5 (cinco) tiros a esmo contra 5 civis sem prerrogativa alguma. E é óbvio que a corda sempre arrebenta para o mais fraco: um amigo meu, foi atingido no rosto, esteve a 0,8mm da morte, com risco de ficar paraplégico ou cego.

Para o policial, foi apenas uma noite de imprudência seguido de impunidade. Para nós amigos, e para a família, uma eternidade de angustia e de sentimento de culpa para os que presenciaram a cena. A desculpa dele? Levou uma coronhada sem motivos (se auto-flagelou para ter o que falar), apanhou, e apenas se defendeu. Um álibi muito fraco pra quem está acostumado a prender bandidos que proferem desculpas até melhores do que essa. E sinceramente, ainda não vejo legítima defesa aonde uma arma dispara cinco tiros seguidos, de longa distância (sem ninguém por perto).

Infelizmente para nós, o mais provável é que a justiça concederá privilégios caso seja condenado. Prisão especial para policiais civils, militares e dependentes. Isso, no maior dos otimismos. Hoje conseguimos compreender o que as famílias de vitimas desse tipo de violência gratuita queriam expressar ao ir à tevê e ter coragem de denunciar, mostrar a cara, erguer-se e dar um basta nessa aceitação. Ainda confio no tal “sistema” que serve como alvo de criticas da maioria, mas já guardo o sentimento de vergonha de antemão se mais um criminoso revestido de legalidades e mordomias sair “ileso” dessa.

Vinicius Canova Pires

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