Hoje em dia, falar de religião e usar a palavra “fé” e “respeito” é quase impossível. Pouquíssimas são as vezes que conseguimos enxergar homens de caráter real militando dentro de uma organização de fé. A luta dos seres humanos de bem em busca de realização profissional e capital têm se intensificado mais nas últimas décadas. É mais difícil conseguir emprego, sendo que agora em praticamente todos os ofícios se é necessário portar um diploma.
Em contrapartida, da mesma forma que as pessoas de bom grado se esforçam para conseguir dinheiro, os manipuladores de má-fé aperfeiçoam suas técnicas de extorsão. Pelo menos 30% do dinheiro que se recebe com labuta, trabalho duro e integridade moral é direcionado às igrejas e templos sagrados. O respeito é apenas unilateral e cego. Os cépticos obviamente respeitam esses homens de bem, afinal de contas, como já disse anteriormente, o ser humano não consegue suportar a pressão de não ter em que se apegar.
Mas para não ter a chance de ser tachado como alguém que vive de generalizações, resolvi exaltar hoje uma figura muito conhecida no Brasil, de personalidade e caráter inquestionáveis até para os que são contra a prática do espiritismo: Chico Xavier.
Francisco Cândido Xavier além de ser um célebre difusor do espiritismo no Brasil e no mundo, é conhecido por ter passado a sua vida inteira alentando pessoas nos seus momentos de sofrimento e angustia. Organizava entregas de alimentos para as comunidades carentes de Uberaba-MG e nunca refutou visitantes que ocasionalmente precisassem de sua mão. Vendeu tantos livros que fica difícil contabilizar a soma em dinheiro oriunda de suas vendas, dinheiro este, que jamais ficara em seus domínios. Sua explicação era bem simples: - Não fui eu quem os escreveu, portanto, esse dinheiro não me pertence.
Médium? Esquizofrênico? Perturbado? Não importa. O que realmente importa foram as atitudes de Xavier resultantes de qualquer uma dessas hipóteses. Não se ouviu falar de Chico Xavier brincando com a fé das pessoas que se ajoelhavam e amontoavam filas para vê-lo. O que ele fazia, sem levar em conta a legitimidade, era lavar a alma dos desamparados que necessitavam de sua presença física e de seu possível e ainda duvidoso poder espiritual.
Longe de ser um charlatão, Chico Xavier alegrava as pessoas que tiveram a chance de conhecê-lo pessoalmente. Um homem de fé que jamais subjugou o próximo que não compactuasse com seus ideais religiosos. Nunca previu o inferno na vida daqueles que não os seguissem. Nada disso! A vida desse grande ser humano foi exemplo de amor, misericórdia e compaixão. Algo muito mais próximo de Deus, do que qualquer outro preceito religioso contemporâneo. Uma relação mais estreita do que qualquer outra coisa que já presenciamos.
Chico faleceu no dia 30 de Junho de 2002, dia este, em que a seleção brasileira de futebol conquistava o pentacampeonato mundial. Dia de festa, de comemorações, aonde contrastando com tudo isso, perdemos alguém com quem poderíamos ter aprendido a sermos seres humanos melhores, mais bondosos e se duvidar, até mais próximos de Deus. Um exemplo de homem que conciliava muito bem a palavra “respeito” e “fé”, exatamente porque era isso que ele era e transbordava. Um exemplo a ser seguidos por todos nós, os homens feitos de barro.
Vinicius Canova Pires
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