terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Incapaz?

“Eu não posso”, “eu não consigo”, “eu já perdi”, “não me resta mais o que fazer”, entre outras frases célebres entre os declarados perdedores, ecoam na cabeça das pessoas que enfrentam suas primeiras dificuldades e fraquejam. Eu não gosto de qualquer tipo de texto de auto-ajuda, acho que eles vão completamente na contra-mão da funcionalidade; todavia, existe uma história real em particular que vale a pena ser contada exatamente para uma finalidade motivadora.

Le Scaphandre et le Papillon (O escafandro e a borboleta) filme europeu dirigido por Julian Schabel e com roteiro baseado no livro de Jean-Dominique Bauby – editor da revista francesa Elle – e protagonista do filme, tira a idealização da “pena de si mesmo”.

Aos 43 anos Jean-Do (como é chamado pelos amigos mais próximos) sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) enquanto andava de carro com seu filho, ficando em coma por aproximadamente vinte dias. Ao acordar, a junta de médicos designada para cuidar de seu caso, constata que ele está em uma condição de enfermidade rara: a síndrome do locked-in.

A síndrome de Locked-in faz com que os pacientes permaneçam cientes e despertos, mas incapazes de se mover ou de se comunicar dada a paralisia que atinge praticamente todos os músculos voluntários do corpo. Esta condição é resultado de uma lesão no tronco cerebral na qual a parte ventral da ponte é danificada. A síndrome de Locked-in é descrita como "a coisa mais próxima de ser enterrado vivo".

Mesmo assim, com a ajuda de seus médicos que utilizaram uma técnica de comunicação até então nova, Jean-Dominique começou a se comunicar piscando uma vez para toda letra que quisesse usar e que fosse pronunciada pelo seu interlocutor, formando frases e fazendo com que Jean, dez dias antes de sua morte, visse a capa de seu livro pronto, conquistado com muito suor e descrevendo não só o sofrimento, mas a beleza de poder usar a extensão máxima de sua imaginação.

E aí, será mesmo que você não consegue nada? Será que é impossível ir mais a frente? Não se sabe o quão bem se está, até estarmos nestas condições limitadas, mas ainda sim, podemos concebê-las ao ler, ver e ouvir relatos como estes. Você realmente é incapaz?

Vinicius Canova Pires
viniciuscanova@live.com

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