quinta-feira, 25 de junho de 2009

O homem comum numa festa mais comum ainda



Ruth de Aquino é diretora da sucursal da revista Época no Rio de Janeiro, e escreveu na edição 579 no mês de junho em sua coluna sobre o pragmatismo que toma conta hoje, da relação Lula – Sarney, texto intitulado: O presidente Lula e o homem comum. Estamos no final do mês de junho, mas ainda, em meio a celebrações da festa junina em diversos lugares do país. E em Brasília, capital federal, não seria diferente, correto?

Lula quando em seus tempos de militância esbravejava em seus discursos a raiva que era observar um país controlado por ladrões, grileiros, e “trombadinhas” em potencial, tinha uma relação cara-a-cara com o povo. Falava abertamente sobre reformas políticas, divisão igualitária de terras, empregos, e também sobre retenção do dinheiro público para dar a população e não para satisfazer despesas pessoais cujos salários – muito pomposos, diga-se de passagem –, já cobririam.

Mas as coisas mudam. Ocupar o cargo de chefia de uma pátria pode não ser a melhor definição de caminhos escolhidos por uma só cabeça. Com isso, a aliança PT-PMDB ganha força, e a ficha pessoal de Sarney na mesa do Presidente rabiscou os adjetivos: grileiro, ladrão e mentor não-oficial de Maluf, para homem diferenciado, bom-caráter e índole inquestionável. Até ai tudo bem. Estamos em plena comemoração de festa junina, e todos nós precisamos assumir identidades novas para participar da dança, principalmente quando chegar a hora da dança das cadeiras.

A proteção de Lula para com Sarney é tão grande, que até a imprensa pagou o pato. Para o nosso presidente, a imprensa arruma por si só, motivos para pôr uma vírgula a mais no assunto Senado, desmoralizando todo mundo e correndo o risco de ser desacreditada. Enquanto isso, o Senado Federal já desmoralizado perante a sociedade, vai protagonizando uma nova novela de vexame nacional, com audiência bem elevada, diga-se de passagem. Nessa festa junina, novas modalidades de brincadeiras foram criadas:

1) Quem contrata mais familiares;
2) Quem gasta mais em contas telefônicas emprestando telefones móveis da casa para terceiros;
3) Quem consegue esconder por mais tempo uma mansão no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, e que não constava em sua declaração de bens;
4) Quem consegue pagar mais funcionários em horas-extras durante o recesso;
5) Quem se utiliza de forma mais irregular suas cotas de passagens aéreas;

Enfim, não daria pra citar tudo em um só texto, aliás, até daria, mas convenhamos, estamos todos carecas de saber até aonde vai a disposição dos políticos brasileiros na prática de extorquir o dinheiro suado de nossos impostos. Mas ao menos, já temos idéia de como homens comuns, oriundos de um meio comum, conseguem se divertir numa festa tão popular quanto esta. E viva o São João da roubalheira.

Vinicius Canova Pires

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