sexta-feira, 19 de junho de 2009

Bebendo vinho


O torcedor mais cético no futebol consegue ainda assim, sentir uma ponta de esperança diante de toda e qualquer adversidade. Em todas as regiões do país, podemos observar peculiaridades que rodeiam esta categoria desportiva. Mas como eu tenho raízes rio-grandenses, me sinto capacitado para falar apenas da região. Moro em Rondônia há 10 anos, e meus vínculos com o sul do país já são praticamente escassos, com exceção de uma linha forte e constante: o Grêmio.

Somos bicampeões da América, e com isso, a pintamos de azul, para logo mais, no mesmo ano, distribuir as cores do tricolor gaúcho por todo o planeta terra. Mas nunca nos consagramos em qualquer campeonato, por mantermos supremacia inquestionável. Todo o caminho sempre foi difícil, árduo, longo, e sofrido. Este argumento me faz voltar ao Rio Grande do Sul, um estado movido pelo amor a terra, pelos fortes e estreitos laços familiares, pelo poder e imposição de respeito de um sobrenome, e é óbvio que descartando alguns extremistas acéfalos, também podemos citar o patriotismo.

São coisas desse porte, que movem o coração de um gaúcho e que servem para motivá-lo em qualquer atividade que esteja exercendo. No trabalho, nos afazeres domésticos, nos cuidados com a família, no estudo, e aparentemente mais fútil, mas não menos importante: o futebol. Nos enfrentamentos clássicos das partes esportivas de nosso estado, conseguimos observar o teor de uma rivalidade que tem seus momentos de irracionalidade e de tragédias descabíveis, mas que também deixam os espectadores não envolvidos de cabelo em pé.

E não importa se você é gremista, colorado, ou até mesmo juventudino, terá sempre pretensões maiores do que o que tem em mãos esboça. E o fator motivador é simples: a raça serve de combustão, o tamanho da torcida não importa. É por isso, que apesar de estar me arriscando em escrever esse texto pelo cenário que está desenhado, faço-o apenas para atestar minha confiança e fé. O Grêmio já passou por desafios maiores, e venceu.

O ano era 1997, um ano depois da conquista do bicampeonato brasileiro. O cenário? Rio de Janeiro, Maracanã. O Flamengo de Romário e Sávio não deram conta de vencer o Grêmio de Paulo Nunes e Jardel. Fomos tricampeões da Copa do Brasil com direito a xororô da torcida que se diz a maior do mundo, e pode até ser, mas diante daquele Grêmio, contavam-se dois ou três nas arquibancadas. Em 2001 – 4 anos depois da conquista do tri –, no estádio do Pacaembu e lotado de corintianos eufóricos, nos sagramos tetracampeões da Copa do Brasil com um placar eu diria que até folgado: 3x1 para nós.

Então se me perguntarem se eu tenho medo do Cruzeiro, eu não preciso mais nem responder. Cruzeiro é um time de tradição e de certa forma até comanda o estado de Minas Gerais, porque sinceramente, aquele galo lá, não canta mais naquele terreiro. Mas, todavia, tenho ainda confiança no meu time de poucos talentos e sei, que farão o máximo que puderem para nos levar a mais essa final da taça Libertadores da América, e depois disso poderemos cantar juntos esse trecho da hino do Rio Grande do Sul:

“Mostremos valor constância
Nesta ímpia injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra
De modelo a toda terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra"

Mas também cantarei uma canção em voz baixa: Vou torcer pro Grêmio bebendo vinho, e o mundial, é o meu caminho.

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