terça-feira, 3 de agosto de 2010

Estados Unidos da América contra John Lennon

Os beatlemaníacos com certeza se entristecem ao relembrar o dia 8 de dezembro de 1980. Entretanto, os que não nasceram na época, e nem contemplaram a magnitude do grupo inglês, também sentem um enorme baque. Isso porque, historicamente, os Beatles traçaram um linha imaginária na música: antes, e depois deles.

Todos com seus respectivos talentos singulares, foram durante décadas, e ainda são, os pilares de sustentação pra qualquer pessoa que tenha um bom gosto musical, e claro, paixão pela vida.

Alguns ainda atribuem o desmanche dos Beatles à entrada de Yoko Ono na vida de Lennon, fazendo-o rumar para outros campos culturais, despontando em carreira solo, e principalmente, por se envolver cada vez mais nas questões políticas do mundo. No caso, dentre todas as suas críticas, era mais enfaticamente contra a Guerra do Vietnã, cantarolando votos de paz e amor ao mundo todo.

Nesse caso eu discordo da maioria. No fim das contas, Ono completou John Lennon. Ele era a própria letra de suas músicas, ela no entanto, era todo o resto, da harmonia até a genialidade.

John Lennon bateu de frente com Nixon. O único Presidente do Estados Unidos à renunciar ao seu cargo por denúncias comprovadas que o desmoralizaram e que o marcaram historicamente como protagonista do caso Watergate.

Todavia, apesar da descoberta, e da saída estratégica de Nixon, é impossível dizer que o republicano não exercia um poder enorme sobre os Estados Unidos da América, tendo em seu percalço, somente a sombra de uma juventude que se rebelava, justamente contra a guerra. A voz que se levantava contra o sangue derramado e as milhares de vidas jogadas fora de forma desnecessária, num enfrentamento considerado por muitos historiadores, uma causa ridícula e até mesmo inexistente, era o único modo de protesto válido e eficaz.

O ex-líder dos Beatles era uma ameaça ao Governo americano, que ia perdendo o seu prestígio à medida que as pessoas paravam para ouvi-lo cantar Give Peace a Chance, e principalmente, quando as pessoas sentiam que a mensagem que a música passava, deveria ser levada no mundo todo, cantada em uníssono para que todos pudessem ouvir.

Senadores, o próprio Nixon, e até o FBI decidiram que era hora de dar fim à influência que Lennon – o pacifista –, exercia sobre os jovens norte-americanos. Essa decisão teve que ser tomada com caráter emergencial, principalmente, depois que John Lennon conseguiu libertar através de sua música, o ativista John Sinclair, que fora preso e condenado a dez anos de prisão, por portar dois baseados.

Começou assim uma batalha intensa que durou cinco anos. A imigração queria deportar John Lennon, usando o argumento pífio de que a sua vida pregressa o vinculava com narcóticos, e os Estados Unidos da América não tolerariam esse tipo de imigrante em sua própria casa.

Enfim, a guerra acabou, o filho de John Lennon e Yoko Ono nasceu, e eles gozaram – mesmo que por muito pouco tempo – o melhor que a vida tem à oferecer: paz, tranqüilidade e sucesso.

No dia em que o músico foi assassinado, as pessoas se reuniram em todo o mundo para cantar “Give Peace a Chance”, e para muitos deles, a partir dali, John Lennon havia deixado de ser única e exclusivamente um artista de sucesso, para tornar-se também um pilar da conscientização humana, sempre ponderando pontos em prol da paz, e usando de forma consciente a sua fama para dar no futuro, dias melhores para o mundo.

Vinicius Canova Pires

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