sexta-feira, 23 de abril de 2010

A volta do homem de Neandertal

Com a frase “O crack destrói o Homo sapiens”, o psiquiatra Eduardo Kalina, 71 anos, e um dos vários médicos que ajudaram a tratar o problema de Maradona com as drogas, em entrevista ao jornal gaúcho Zero Hera, define bem o que acontece com o ser humano que enverga para o lado dos entorpecentes.

O termo “resguardadas as devidas proporções” não existe para Kalina, sabe que todo ser humano reage de diferentes formas às variadas reações das drogas, e é defensor do que pra ele já é mais do que uma teoria, é lei: - A única cura para o usuário de drogas hoje, é abdicação total da droga e dos fios condutores tal como: álcool e cigarros.


O psiquiatra defende também a postura dos pais perante os filhos, deixa claro que a postura exercida no dia-a-dia influi diretamente no comportamento de um jovem, principalmente em relação aos pais, que são na verdade, espelhos do que os seus filhos gostariam de ser. Mas deixa claro: “Um pai que toma um copo de vinho no jantar não está criando um filho toxicômano. Porém, um pai que está todo dia fumando e que bebe muito por qualquer explicação não pode dizer ao filho que não consuma, porque ele está consumindo”.


Mas, o mais importante em relação às drogas, Eduardo Kalina faz questão de deixar claro: a ingestão diária de entorpecentes como cocaína e crack resultam em danos às vezes irreversíveis numa área do cérebro que é definida como cérebro frontal. Kalina explica: “ - Quando esses meninos têm danos importantes no cérebro frontal, eles deixam de funcionar como pessoas, são como macacos. Nós tratamos com medicamentos e fazemos trabalhos cognitivos para fazer a região voltar a funcionar. Quando ela é atrofiada, a pessoa vira um gorila. Você precisa da parte frontal para pensar em Deus, ter espiritualidade, crenças, filosofia, ver o sentido da vida. Os meninos que ficam com dano nessa zona, a maioria dos que entram em crack e cocaína, viram animais. Eles matam porque gostam de um tênis que a pessoa usava. Pegam o tênis e vão embora, não importa se mataram uma pessoa que tem família, não importa nada”.


Entretanto, mesmo na detecção de tais problemas, é importante lembrar o descaso das autoridades políticas brasileiras, que ao não se importarem com o que vem acontecendo, e fechando os olhos para as crianças que estão nas ruas se prostituindo, matando e roubando para se saciar com as drogas, estão corroborando com um futuro próximo onde só o que se verá, é a deterioração da raça humana. Já estamos vendo, já sentimos, e não fazemos nada. Mais uma vez, perdemos tempo e dinheiro com coisas banais, enquanto os responsáveis utilizam de subterfúgios teóricos para não intercederem.

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