quarta-feira, 3 de junho de 2009

Bem vindo à selva



Antes que se questionem, a resposta é não. Não gosto de Guns N’ Roses, mas é assim que começam as críticas, afinal de contas, se uma banda de rock que estourou no mundo todo intitula uma de suas músicas mais famosas com uma frase corriqueira, acabamos nos passando por aproveitadores. É... Demorou mas chegou meus caros amigos, filhos de homens de colarinho branco. Acho que já podemos colocar na lista de frases em desuso: “A violência só atinge os bairros na periferia e prejudica a classe média para baixo”.


Porto Velho cresceu muito nos últimos anos. Mas não foi só a cidade em sua estrutura física, a economia e a política que deram uma boa encorpada. Os egos se fortaleceram, o garotinho acostumado a viver numa cidade de aparência interiorana começou a contemplar a selva de pedra sendo erguida, a marginalidade migrando para o centro da cidade, e o ar concentrando mais e mais substâncias tóxicas do que de costume. Mas o garotinho não imaginava que tanto ônus decorrente de uma mudança drástica no contexto de vida de uma cidade poderia ocorrer, ele só queria estar mais perto de Las Vegas, bebendo uísque, comendo putas, andando de carro e cheirando pó.

O que também piorou foi a mentalidade das pessoas nesta nova cidade. Ao invés de progredirem como os próprios macacos costumam fazer – Viu? Os crentes têm razão, não podemos ser semelhantes aos macacos, nós somos piores do que eles –, resolveram todos viverem como retrógrados, dando como prova de sua mais viril força: Os tiros e as facadas. Os motivos variam, é claro que não podem ser considerados absurdos, afinal de contas quando o homem precisa provar sua força perante outro, qualquer coisa vale: Uma vaga de estacionamento, uma derrota em disputa de galanteadores, bebida derramada sem querer no colo de um desconhecido, um trocadilho direcionado a pessoa errada, no lugar errado. Enfim.

Tantas desculpas esdrúxulas, tanto descuido, tanta falta de sensibilidade. Não é possível que o ser humano consiga regredir tanto. A mesma espécie que descobriu a penicilina, a roda, e o fogo, e que também inventou o avião, o carro e o navio cargueiro, também é a espécie que mata o próximo e joga sua vida no lixo por causa de um maldito real. É isso que vale uma vida? Aliás, duas vidas. Uma que já se foi, e está entregue a paz celestial para os que crêem, e outra que apenas começou a definhar em vida. Sinceramente, não creio que exista glória nisso quando um homem quer provar que é homem desse jeito.

Bebidas e drogas servem de combustão para esse tipo de atitude, é claro. Mas eu nunca vi, em nenhum momento na história: Cássia Eller, Mick Jagger, Keith Richards e até mesmo o mais drogado de todos, Iggy Pop, matarem alguém. Então sinceramente, creio que a maior forma de adaptação para essa nova era de crescimento, seja a auto-reflexão. Não me entenda mal, conheço muito pela saco que vive falando a mesma coisa, mas isso tudo tem um sentido muito mais amplo quando se analisa de modo geral e de forma minuciosa. Viva, meu caro amigo. Mas por favor, deixe os outros viverem também.

Vinicius Canova Pires

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