Diariamente nos deparamos com alguns veteranos nesse jogo louco que chamo de vida. E uma das frases preferidas deles para retratar algo majestoso que ocorreu em sua época e que hoje é só lembrança, é: “Quem viu, viu. Quem não viu, não verá jamais”. Engraçado é que pra quem ouve, parece a mesma ladainha de sempre da velharada. O costume débil de ficarem horas e horas divagando em frases rebuscadas para caracterizar a infância adocicada e a juventude porra-louca. Eu sempre pensei nisso com certo ar fadado, sem paciência para ouvir. Mas hoje comecei a concordar que em alguns momentos é necessário compartilhar as coisas boas que vivemos, principalmente com pessoas que jamais saberão o gosto de certas coisas.
No caso do texto de hoje, me refiro ao mundo nerdiano, um mundo que eu jamais fui capaz de respeitar, mas que convivi e convivo até hoje no meu dia-a-dia. Hoje tive a chance de voltar a usar novamente o mIRC (quem não sabe o que é, sugiro que leia o texto na Wikipédia, é bem esclarecedor)¹. A sensação inicial foi uma nostalgia que percorreu meu corpo todo e foi parar na superfície da minha pele, causando um arrepio em meus braços. Lembrar de como era aquela época, antes da criação da comunidade virtual que chamam de Orkut, e antes da difusão do MSN Messenger, me traz a tona bons sentimentos em relação a minha própria infância e pré-adolescência. Era algo diferente, que mesmo em seu ápice de usuários na principal rede brasileira, atingiu no máximo 60.000 usuários.
O MSN e o ORKUT tornaram a inclusão digital uma verdade que antes de sua existência era uma esperança, e hoje com certeza descobriu-se que a realidade é outra; um desastre total. Para manejar o mIRC mesmo a pessoa mais ignorante, teria que estar integrada com o mínimo de comandos para facilitar o seu uso. E esse uso constante do IRC forçava as pessoas a se informarem mais sobre o que estavam usando, mesmo que o script de sua preferência lhe fizesse o favor de sintetizar os comandos e programá-los para uma utilização mais facilitada do usuário. Não era apenas um “bate-papo” como algumas pessoas gostavam de designar. O IRC era uma empresa, mas comandada por pessoas sábias e que costumavam flexibilizar-se de acordo com a vontade e a critica dos seus freqüentadores.
Com a “morte” do IRC, a internet e o dinamismo entre as pessoas se resumiram a incessantes conversas que começam e terminam sempre do mesmo jeito no Messenger, a vadiagem e a pedofilia crescente entre os usuários do Orkut, e um acréscimo também nos crimes de internet em geral. Mas creio eu, que a humanidade se resume a isso: os seres humanos sempre procuram a forma mais fácil de tocar suas vidas. Pouco importa as conseqüências que isso representaria numa sociedade como um todo. O brasileiro principalmente tomou o “cada um por si” como sua tônica de vida e decidiu viver sua vida a partir desse lema. Tristeza para alguns, felicidade para outros. Mas eu estou feliz, porque posso encher minha boca (dedos) para proferir as últimas palavras desse texto: Quem viu, viu! Quem não viu, jamais verá!
¹: http://pt.wikipedia.org/wiki/MIRC
Vinicius Canova Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário